segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Amanda Carvalho, Caroline de Jesus e Daniele da Silva

 Luiz Inácio: Um discurso Responsivo
Amanda Carvalho (Universidade Federal do Pará)
amandacarvalhovale@hotmail.com
Caroline de Jesus (Universidade Federal do Pará)
carolinenpj@hotmail.com
Daniele da Silva (Universidade Federal do Pará)

Quando se fala em política, a reação mais comum entre as pessoas é a de rejeição. Não tirando a razão desses cidadãos, pois a política brasileira sempre apresentou seus altos e baixos, criando assim uma imagem deplorável.


Figura 01: Lula discursando quando ainda era operário (Portal13/história do PT)

Em 10 de fevereiro de 1980, Lula fundou o PT, juntamente com outros sindicalistas, intelectuais, políticos e representantes de movimentos sociais. Lula foi eleito em 1986, deputado federal constituinte com a maior votação do país. Concorreu à Presidência da República em 1989, quando foi derrotado no segundo turno por Fernando Collor de Mello, e em 1994 e 1998, quando perdeu para Fernando Henrique Cardoso, em 2002 foi eleito presidente do Brasil com votação recorde de 50 milhões de votos. Reelegeu-se em 2006, vencendo, em segundo turno, o candidato do PSDB, Geraldo Alckimin. Fiel ao estilo que marcou seu governo, Lula despediu-se da Presidência com muito choro e nos braços da multidão, tendo sido o centro das atenções na cerimônia de entrega a faixa à sucessora Dilma Rousseff, no Palácio do Planalto em 01 de janeiro de 2011.
Apesar do significado inédito do resultado da eleição de 2002, parte de seu sucesso pode ser compreendido a partir das estratégias de discurso utilizadas pelo candidato e sua assessoria. Esses discursos são utilizados em diferentes contextos em que o discurso tem uma importância. Por discurso, pode-se entender o dispositivo da sensação, explicado por Michael Foucault. Esse envolvimento entre emissor e receptor gera um diálogo de confiança entre as partes envolvidas no processo eleitoral. Isso envolve a capacidade do discurso se adaptar à necessidade do emissor. A análise do discurso pode ser definida como o estudo das funções que o conteúdo do discurso pode desempenhar tanto nos receptores especificamente quanto no contexto em geral.
Por outro lado, o discurso pode ser classificado como uma forma de poder, e no caso da candidatura de Lula, uma conquista governamental. Na política, geralmente o discurso visa atingir dois pontos, ou até mesmo a mescla deles, que seriam a linguagem e a ação. Logo, sem linguagem, o discurso é impossível a conquista do voto. É por isso que o emissor do discurso político tem que dispor de armas poderosíssimas para atingir, agradar e tocar o povo, como nenhum outro candidato.
Essa relação que se constrói embasada no discurso depende do carisma, do companheirismo, e do “estar presente” com a massa. Quando essa conexão entre emissor e receptores acontece é porque sem dúvida, as estratégias do discurso tiveram sucesso. Isso prova a capacidade que um político possui ao discursar para uma massa, e mais, fazendo com que esta se sinta envolvida na cena política em que está vivenciando.
Sem dúvida, a ação da mídia é de extrema relevância. Porém, assim como ela ajuda a fornecer uma imagem positiva do candidato, também é responsável pela formação da opinião do povo eleitoreiro. Como no caso de Lula, em que pesquisas que verificavam a aceitação do público apontavam o sucesso de sua campanha eleitoral. Entretanto, suas idéias, seu partido, e até mesmo por questões pessoais, fizeram com que Lula fosse visto como um incompetente e analfabeto. A exemplo disse tem-se o comentário do comentarista Paulo Francis, que o chamou de “ralé”, “besta quadrada”, e disse que se ele chegasse ao poder o país viraria uma grande bosta.
A intenção de Lula era ganhar o carisma do povo. Em 1989, quando o PT lança Lula, a imagem do candidato é igual à de um estereótipo de trabalhador. Sem barba feita, sem terno alinhado, e com uma postura um tanto diferente dos outros candidatos. Já em 1994, Lula começa a se adaptar às normas de comportamento dos que já ocuparam o lugar de Presidente. Todavia, sempre se valendo de um discurso radical. Vale ressaltar que nesta campanha seu resultado nas urnas foi negativo. Porém, em 2002 já com uma mudança em seu discurso, a eleição já era algo pressentido, apenas uma questão de tempo. Parecido com o povo, sem escolaridade superior, já com a barba feita, camisa e gravata, com uma voz amena, um carisma envolvente, Lula consegue atingir diferentes segmentos sociais que também o viam em diferentes aspectos. E foi justamente o embate de idéias dos eleitores e esse jogo de diferentes argumentos, foi o que ajudou o candidato socialista a se eleger.
“[...] Eleger um governo petista significa acabar com a miséria e com a fome que ainda castigam quase 50 milhões de pessoas em nosso país. Significa possibilitar que a grande maioria do povo obtenha a cidadania, que os jovens não tenham que enfrentar as incríveis dificuldades que eu e tantas pessoas passamos na vida. Melhorar o Brasil significa mudar de rumo, afastando o nosso país da situação de vulnerabilidade a que foi levado pela atual política econômica [...] (Pronunciamento quando o Partido dos trabalhadores o lançou como candidato para Presidência da República. -Maio de 2002).

Em seu discurso Lula faz um misto de expressões, usa recursos emotivos, e satiriza o governo de Fernando Henrique Cardoso. Assim como ele se vale de sentimentalismo para alcançar as massas sociais provocando uma maior identificação com esses eleitores. Lula é racional e estratégico ao mostrar aos políticos que pode ser um bom administrador para o Brasil.
“[...] O Brasil quer mudar. Mudar pra crescer, incluir, pacificar. Mudar para conquistar o desenvolvimento econômico que hoje não é a justiça social que tanto almejamos. Há em nosso país uma poderosa vontade popular de encerrar o atual ciclo econômico [...] ( “Carta ao Povo”) (Junho 2002) .

Em seu pronunciamento, Lula usa perspicácia para que os emissores acreditem no que ele está exclamando. Pode-se notar que neste pronunciamento ele já impõe a ideologia petista como aceitação de todas as camadas sociais. Para convencer de fato, que ele é o melhor candidato a seguir. E ao mesmo tempo usa-se de inúmeras críticas ao governo FHC, “esgotado” e “cansado”, “o Brasil está vivendo um colapso econômico”, são exemplos do que estava sendo passado ao leitor.
Por mais que Lula tenha vindo de uma camada desfavorecida, e seja de fato como o povo, como todos os outros candidatos, ele possuía ambição no que falava, precisava persuadir as camadas pra poder conseguir o que queria.
E a resposta veio com sua eleição e reeleição. Logo, fica mais do que provado o que vários estudiosos afirmam:
Por mais que o discurso seja aparentemente bem pouca coisa, as interdições que o atingem revelam logo, rapidamente, sua ligação com o desejo e com o poder. (Foucault 1997, p.88).
Os discursos de Lula estão intimamente ligados à interpretação de seus receptores. E que foram estrategicamente montados para persuadir. Porém parte do êxito de seus discursos deve-se ao fato de seus textos passarem a idéia de um cidadão participante da administração do país, independente de sua condição social.

Referência Bibliográfica:
FOUCAULT, Michel. A Ordem do Discurso. São Paulo: Loyola 1996.
FOCAULT, M. A Arqueologia do Saber. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 200.
Fontes da Internet:

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